terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Agora estou percorrendo as águas do Rio São Francisco. Quer dizer, as estradas que ligas as cidades banhadas por ele. Já não estava mais aguentando contar para as pessoas que estava indo a caminho do rio e ele nunca chegava. Não que o caminho estivesse ruim, mas queria logo poder de fato estar próximo ao rio. 
E foi em meio as névoas que cobriam o grande baú formado pela Serra da Canastra que vi a grande cachoeira que se forma na primeira queda do Rio. A Casca D'Anta, no distrito de São José do Barreiro que despeja as águas de uma grande fenda que rasga a Serra quase pela metade e cai por cerca de 185 metros de altura. No caminho pela Serra da Babilônia, raramente conseguia avistar alguma paisagem distante, mas foi numa olhada rápida pra direita que vi a primeira vez aquele véu formado pela cachoeira. Mas só alguns bons quilômetros para frente que eu pude parar e observa-la rapidamente antes que outra nuvem a cobrisse.

Cachoeira Casca D'Anta. Foto: Philipe Branquinho


Hoje escrevo de Iguatama-MG, e aqui sim posso afirmar que a viagem começou. Agora não são mais as placas e mapas que ma falam que estou próximo ao Rio São Francisco, mas as pessoas sempre me fazem lembrar disso. Mesmo quando não é algum curioso perguntando o que estou fazendo com aquela bicicleta enorme e ai me fala algo sobre o rio. Aqui em Iguatama, é, segundo seus moradores, a primeira cidade banhada pelo rio. E olha essa foto:

Vargem Bonita-MG. Foto: Philipe Branquinho
Agora, o município de Vargem Bonita dista apenas alguns quilômetros da nascente, enquanto Iguatama está a 150 quilômetros aproximadamente. Sinceramente -mas pode ser obra do acaso-, o que percebi nestes rápidos momentos em que estou passando pelas cidades, foi uma relação muito maior entre a população de Iguatama do que a de Vargem Bonita. 
Mas as disputas parecem estar bem presentes na região do Alto Rio São Francisco. Uma vez, tinha ouvido falar que a nascente do rio é muito questionável e que existiam pelo menos três rios contribuíam mais como afluentes do que aquela adotada como a verdadeira nascente: Rio Samburá, Rio Santo Paraopeba e Rio Pará. Um funcionário o Parque Nacional da Serra da Canastra me disse que esta era uma questão de grandes disputas, inclusive influenciava na possível liberação para exploração de minas de diamantes que existem nas imediações da Canastra, mas que São Roque de Minas parecia não estar muito a par destas discussões. Está certo que se tratando de ponto turístico, a nascente do São Francisco é só um detalhe, pois ali em São Roque, coisas bonitas não faltam. Mas, isso não deixa de ser interessante.

Lá na Serra da Canastra, uma grande queimada no final de 2012 devastou grande parte da vegetação que já estava se recuperando quando passei por lá e, com a quantidade de chuva, alguma flores já brotavam.

Sempre Viva- Serra da Canastra. Foto: Philipe Branquinho.

Serra da Canastra. Foto: Philipe Branquinho.

Foto: Philipe Branquinho.












Placa da Nascente do Rio São Francisco.
 Foto: Philipe Branquinho.
Imagem de São Francisco com a oração do Santo.
Foto: Philipe Branquinho.
Poça d'água formada pela nasente do Rio São Francisco.
Foto: Philipe Branquinho.



IGUATAMA

Iguatama foi a primeira cidade que encontrei que começou sua história em função do Rio São Francisco. Foi aqui que no Século XVIII, foi mandado construir por D. João VI, uma balsa para a travessia do rio e oficializar o caminho que ligava as minas de Goiás às capitais da Capitania e do Império e assim evitar o contrabando de mercadorias. Por conta disso, o porto construído, recebeu o nome de Porto Real, já que uma taxa era paga ao barqueiro. Li isto na biblioteca da cidade num documento não assinado, em folhas soltas que a bibliotecária me entregou. Quer dizer, a importância do transporte pelo rio já é grande desde às proximidades de sua nascente. 


Esta carranca, dá as boas vindas para aqueles que chegam na cidade através da BR 354, vindo de Brasília. do lado esquerdo está a ponte velha, que foi constrída no governo JK e substituíu a antiga balsa que fazia a travessia do rio. Porém, a ponte também teve sua época e já na década de 70, foi substituída pela atual, à sua direita.
Carranca na entrada de Iguatama-MG, entre as duas pontes.
Foto: Philipe Branquinho.


 


Nesta foto ao lado, ao fundo o morro começava a se reconstituir da queimada do no passado. alguns breves momentos de céu azul.






Igreja de Nossa Senhora do Abadia, Iguatama-MG.
Foto: Philipe Branquinho

Rio São Francisco em Iguatama. Antigo Porto Real.
Foto: Philipe Branquinho


 Foi aqui que encontrei Seu Nino, um dos primeiros pescadores de Iguatama que utilizou a rede para pesca. Hoje com 81 anos, ele vive sozinho e ensinou seu sobrinho a pescar, oficio que segue nas épocas de pesca. Ele também me contou algumas estórias, dentre elas a do Arco-Íris, que despeja água de um lugar para outro. Ele disse que uma vez, quando estava numa roça de arroz, começou uma chuva bem forte que foi capaz de alagar o terreno. quando a chuva parou, e ele e seu irmão estavam completamente molhados, um arco-íris surgiu brilhando no céu. Logo depois viram alguns peixes nadando em meio a plantação de arroz. E o peixe foi parar ali pois o arco-íris sugou a água de um rio e a despejou ali onde estavam! Muito bom. Gravei ele contando uns causos!!!! 
Seu Nino. Pescador profissional. Iguatama-MG.
Foto: Philipe Branquinho.